Mãe trancista cria projeto no Rio para exaltar a ancestralidade e a beleza negra
Publicada em 20/11/2024
Mãe trancista cria projeto no Rio para exaltar a ancestralidade e a beleza negra (Foto: Reprodução)
Com a maternidade, Edneia Roma deixou o alisamento para trás e, desde cedo, ajudou a filha, de 11 anos, a enxergar a própria beleza. Em 2023, ela decidiu levar a arte da trança, de graça, a outras meninas negras. Trancista leva iniciativa a colégio municipal do Rio que exalta a ancestralidade e a beleza negra
Um dos símbolos do Dia Nacional da Consciência Negra inspirou um projeto no rio que exalta a ancestralidade e a beleza negra.
Uma arte ancestral que exige delicadeza, paciência. Às vezes, é feita a muitas mãos e, quase sempre, mãos femininas, como as da trancista Edneia Roma, que aprendeu a trançar aos 13 anos. Mesmo assim, ela alisou o próprio cabelo por muito tempo.
?Eu queria entrar num padrão. A questão do meu cabelo é que eu tinha que me igualar às minhas amigas. O problema não é o relaxar o cabelo, o alisar o cabelo. É você não se identificar. É você querer matar a sua origem?, define.
Na relação com o próprio cabelo, marcas do racismo vivido na infância e que seguem na memória de Neia:
?Quando eu cheguei na escola, nossa, acabaram comigo. Me chamaram de ?feia?, ?cabelo duro?'?, relembra.
Mas a chegada de Evellyn mudou muita coisa, inclusive no visual de Neia, que deixou o alisamento para trás e, desde cedo, ajudou a filha a enxergar a própria beleza. Aos 11 anos, Evellyn Roma sempre usou tranças.
?Para mim, eu sou a menina mais bonita desse mundo?, diz.
Edneia e a filha
Reprodução/TV Globo
Depois de participar de um evento pelo Dia da Consciência Negra da escola de Evellyn, em 2023, Neia teve uma ideia. Ela decidiu levar a arte da trança, de graça, a outras meninas negras, assim como a filha dela.
Inicialmente, ela planejava fazer penteados nas alunas de uma turma da escola municipal em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio, mas o projeto cresceu e, com a ajuda de outras duas trancistas, se espalhou pela escola inteira.
Vitória Moraes Peixoto, de 11 anos: Agora, perdi um pouco da vergonha, mas eu tinha muita vergonha de os outros ficarem me zoando, falarem que meu cabelo é muito feio, muito cheio.
Repórter: E, agora, você diz o que para eles se eles disserem isso para você?
Vitória: Eu nem ligo, eu ignoro, porque eu sei que meu cabelo é lindo.
Trancista leva iniciativa a colégio municipal do Rio que exalta a ancestralidade e a beleza negra
Reprodução/TV Globo
A iniciativa ganhou o nome "Somos Todas Dandara" - uma homenagem à líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores centros de resistência de negros escravizados no período colonial brasileiro. Dandara e o marido Zumbi dos Palmares são celebrados nesta quarta-feira (20), no Dia Nacional da Consciência Negra.
?Vejo uma mudança absurda. É o reconhecimento como pessoas pretas que elas são. Quando uma criança ou outra pessoa vai falar: ?Ah, você é preta?. Ela: ?Sim! Eu sou preta, com muito orgulho??, diz a coordenadora pedagógica Evellyn Boaventura.
Ancestralidade e legado: palavras que caminham juntas.
?Agora as meninas tão se sentindo mais, elas tão se vendo de outra forma. Não estão se sentindo: ?Nossa, meu cabelo é duro?. Não, o cabelo dela é cacheado, crespo?, diz a filha de Neia, Evellyn.
Trancista leva iniciativa a colégio municipal do Rio que exalta a ancestralidade e a beleza negra
Reprodução/TV Globo
Neia: Às vezes, uma palavra que me falavam antigamente, eu achava que ia ser para a vida. Se hoje eu pudesse voltar e falar: ?Não é para a vida não, Neia!?. E eu falo para ela: não tem medo, não!
Repórter: Dá orgulho ser filha dela?
Evellyn: Muito!
Neia: Para, que a gente está na TV! (risos)
Trancista leva iniciativa a colégio municipal do Rio que exalta a ancestralidade e a beleza negra
Reprodução/TV Globo
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Fonte da notícia: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/11/20/mae-trancista-cria-projeto-no-rio-para-exaltar-a-ancestralidade-e-a-beleza-negra.ghtml
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